segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Carta agradecimento a Menção Honrosa do Prêmio Nacional de Direitos Humanos


Rondó da Liberdade
É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.
Há os que têm vocação para escravo,
mas há os escravos que revoltam contra a
escravidão.
Não ficar de joelhos,
que não é racional renunciar a ser livre.
Mesmo os escravos por vocação
devem ser obrigados a ser livres,
quando as algemas forem quebradas
É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.
O homem deve ser livre...
O amor é que não se detém ante nenhum
obstáculo,
e pode mesmo existir até quando não se é livre.
E no entanto ele é em si mesmo
a expressão mais elevada do que houver de mais
livre
em todas as gamas do humano sentimento.
É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.



             É com muita humildade e alegria que nós do Levante Popular da Juventude recebemos a Menção Honrosa da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República. Agradecemos também a indicação realizada pela companheira Maria Amélia Teles e pelos companheiros Fábio Konder Comparato, Perly Cipriano, Paulo Henrique Amorim, Fernando Morais e João Pedro Stédile.
Nos últimos anos tivemos no Brasil importantes avanços na luta por memória, verdade e justiça. A instauração da Comissão Nacional da Verdade, com o objetivo de evidenciar a memória daqueles\as que lutaram contra a Ditadura Militar, e que foram torturados, assassinados e tiveram seus corpos desaparecidos, faz parte da construção da verdade histórica e da reconstrução da memória de nosso povo.
A Ditadura Militar em nosso país foi responsável por exterminar uma geração de jovens que ousaram sonhar com a construção de um país justo e soberano. Além disso, a Ditadura consolidou um projeto de desenvolvimento conservador baseado na exclusão do povo brasileiro, em detrimento dos interesses de uma pequena elite, sem projeto de nação, subordinada aos interesses estrangeiros.
Nós que recebemos hoje essa premiação temos a certeza de que este é só mais um passo nessa caminhada. Apesar dos avanços, várias das contradições permanecem. O Brasil ainda é o segundo país com maior concentração fundiária no mundo. 10% da população brasileira é composta de analfabetos. Somente 14% de nossa juventude tem acesso ao ensino superior. E menos de dez grupos controlam grande parte dos meios de comunicação de massa, agindo como verdadeiro partido das nossas elites.
É necessário, portanto, a construção de um projeto popular para o Brasil. Um projeto de desenvolvimento popular que democratize o acesso à terra, ao conhecimento, a cultura e a informação, que ponham fim a condição de país subdesenvolvido e dependente. Por isso nos levantamos. Dilma, a juventude quer mudanças estruturais neste país!
Nesse sentido, nos somamos aos diversos movimentos populares, indígenas, quilombolas, centrais sindicais, aos movimentos feministas, entidades de direitos humanos, às Igrejas progressistas, aos partidos políticos e demais organizações que vão às ruas lutar por seus direitos e por um outro modelo de sociedade.
Nos solidarizamos com a luta dos povos Guarani-Kaiowá, ao Quilombo Rio dos Macacos; e exigimos justiça no julgamento que ocorrerá em janeiro dos cinco camponeses Sem-Terra chacinados em Felisburgo. Em especial, queremos nos solidarizar com D. Pedro Casaldáliga, que tem sido constantemente ameaçado de morte, por latifundiários, sendo obrigado a se esconder por defender que a terra é um bem comum.
Por fim, queremos denunciar o extermínio da juventude negra e pobre que está ocorrendo na periferia das médias e grandes cidades, vítimas da ação das polícias militares, do tráfico e da ausência de políticas públicas que possibilitem a construção de uma vida digna para os jovens.
Por isso, levantamos nossa mão esquerda em sinal de Basta de violência e extermínio da juventude! 

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